Um guia para a odontologia ecológica por Monique Mehler, Dental Tribune International LEIPZIG, Alemanha: Sus- tentabilidade em odonto- logia é mais do que uma tendência. É uma realidade que empresas de todos os tamanhos precisam en- frentar e encontrar manei- ras de se adaptar se quiser- mos sustentar um planeta habitável para as gerações futuras. À primeira vista, pode parecer uma tarefa impossível, porque há mui- to a ser considerado. O que fazer? Por onde começar? Quanto tempo e dinheiro isso vai custar? Há muito que fazer. Mas há muitas mudanças positivas em direção a um futuro mais verde que podem ser im- plementadas quase imedia- tamente, que são baratas e às vezes até gratuitas. Além de uma discussão inicial sobre o tópico, este artigo fornece algumas dicas prá- ticas fáceis de implementar e enfoca os proprietários de clínicas que já praticam odontologia ecologicamen- te correta. Antes de considerar como os profissionais da odon- tologia podem agir, vamos fazer um rápido desvio na história da odontologia eco- lógica, descobrir o que isso realmente significa e exa- minar alguns factos e nú- meros. Em termos gerais, o principal objetivo da odon- tologia ecológica (também chamada de odontologia ambientalmente correta, odontologia ecológica ou odontologia sustentável) é causar o menor dano pos- sível ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, garantir o controlo de infeções e a qualidade do atendimento. A FDI World Dental Fede- ration considera a susten- tabilidade como princípio fundamental da odontolo- gia, que “deve ser praticada de forma ética, com ele- vados níveis de qualidade e segurança, na busca da saúde oral ideal”. Sublinha ainda que “a sustentabili- dade integra um compro- misso mais amplo do pro- fissional de saúde oral com a responsabilidade social e ambiental. O direito das ge- rações futuras a um mun- do com recursos naturais adequados deve ser res- peitado”. No entanto, como isso deve ser implementado no consultório odontológi- co não é regulamentado - pelo menos ainda não. O movimento ambientalis- ta começou nas décadas de 1960 e 1970 no mundo oci- dental e é uma forma de vida ainda hoje. O que cos- tumava ser considerado um estilo de vida hippie é agora mais popular, à medida que a consciência ambiental está aumentando continua- mente, especialmente por meio de movimentos como Fridays for Future, que foi fundado pela aluna sueca Greta Thunberg em 2018. Estatísticas fornecidas pelo YouGov (um grupo inter- nacional de dados e aná- lises de pesquisa) mostrou que, apenas nos últimos dez anos, a consciência ambien- tal mais do que dobrou en- tre os jovens britânicos. De acordo com os dados, 45% dos jovens de 18 a 24 anos dizem que as questões am- bientais são uma das preo- cupações mais urgentes do país. Além disso, a proteção ambiental e as mudanças climáticas são as principais prioridades das políticas públicas para adolescentes que vivem nos Estados Uni- dos, como confirmou uma pesquisa recente realizada pela Statista (fornecedora alemã de dados de mercado e consumidores). A tendên- cia é semelhante em todo o mundo e traduz-se em ações na política interna- cional. Atos de mudança cli- mática, como a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentá- vel , forçam os países a exa- minar as emissões de gases de efeito estufa e formas de reduzi-las. Qual é o papel da odonto- logia? Claro que não é apenas um setor industrial o culpado pelas mudanças climáticas. A exploração coletiva do planeta e dos seus recur- sos pela nossa sociedade, especialmente nos últimos 50 anos, fez com que todos devam cooperar para deter ou reverter os danos. Como sugere a FDI, os profissio- nais de odontologia devem aceitar e agir com respon- sabilidade ética em relação à contribuição da sua pro- fissão para as mudanças climáticas. Ao observar os números que dizem respeito à pega- da de carbono da indústria odontológica, uma coisa se destaca: as viagens de pa- cientes e funcionários para os consultórios constituem a maior parte. Em Ingla- terra, as viagens represen- tam mais de 60% da pegada de carbono dentário, o con- sumo de energia está em segundo lugar, contribuin- do com 14% - 21% das emis- sões de gases de efeito es- tufa, e as compras vêm em terceiro, com 19%. Um es- tudo realizado na Escócia descobriu que as viagens de pacientes e funcionários de e para consultórios den- tários são responsáveis por 45,1% das emissões de dió- xido de carbono. Um dos co-autores desse estudo é o Dr. Brett Dua- ne, especialista em saúde pública odontológica com