1 Paulo e um dos coordenadores do evento. Paulo Frazão, também professor da Universidade de São Paulo e um dos integrantes da coordenação do Projeto Saúde Coletiva, falou o porquê da mesa “Ameaças e desafios para a atenção à saúde bucal no Sistema Único de Saúde”, a qual integrou. “Es- tamos na 19² edição do projeto e esta- mos discutindo o tema ameaças e de- safios... Por que ameaças? Porque esta- mos atravessando um período de mu- danças no sistema de saúde pública, com forte implicação de contenção de gastos e racionalização do serviço, um quadro onde o serviço odontológico pode ser reduzido ou até ser interrom- pido, a exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro e em Porto Alegre”. Logo, espaços de debate como o propiciado pelo Ciosp são muito importantes, ex- plica. © Márcia Costa Marco Manfredini Marco Mafredini destacou que nos últimos anos, após um período de ex- pansão das políticas públicas, houve uma retração dos investimentos em saúde pública bucal. “Após a implanta- ção do programa Brasil Sorridente de 2004, de 2012 para cá houve um perí- odo de estabilização e queda do serviço de saúde bucal no sistema público, com limitação de investimento federal, em Dental Tribune International GmbH Holbeinstr. 29, 04229 Leipzig, Germany Tel.: +49 341 48474 302 | Fax: +49 341 48474 173 General requests: info@dental-tribune.com Sales requests: mediasales@dental-tribune.com Editor e CEO Torsten Oemus Gerente de Edição Suelyn Melo Range Jornalista Márcia Rodrigues da Costa Gerente de Produção Gernot Meyer Distribuição de Anúncios Marius Mezger Produção Matthias Abicht um processo de ‘desfinanciamento’ do SUS no Brasil”. O congelamento dos recursos fede- rais em saúde pública vem se agra- vando nos últimos anos, em um período que a população necessita bastante do SUS, afirma. “É preciso pensar a longe- vidade. Em São Paulo 16% da população está desempregada, gente que era aten- dida antes por planos de saúde e agora precisa usar o SUS”. Manfredini defende o resgate e a di- fusão do valor e da importância do sis- tema público de saúde. “Foi graças ao diagnóstico do SUS que se descobriu re- centemente que a morte de uma pessoa foi ocasionada por contaminação com cerveja”. Além disso, destaca que 98% dos transplantes realizados hoje no Bra- sil ocorrem pelo SUS. “Os meios de co- municação não mostram isso. É impor- tante para os profissionais do serviço público defenderem o SUS. Estou há 35 aos no serviço público, antes mesmo do advento do SUS”. Hoje a saúde bucal no SUS é man- tida com 65% dos recursos do próprio município. “É preciso discutir a necessi- dade de novo pacto federativo, com mais participação dos governos esta- dual e federal nos investimentos”. A co- ordenação defende a criação de uma rede de cuidados em saúde bucal no Es- tado de São Paulo. Segundo Maria Dalva Amim dos Santos, membro do Conselho Municipal de Saúde de São Paulo e secretária mu- nicipal de Saúde de Embu-Guaçu, a Odontologia entrou na saúde pública após o ano 2000 de forma não inte- grada. Falta, ainda, valorização dos pro- fissionais do setor odontológico no setor público, em relação aos da Medicina. “Só fortalecendo as entidades de classe que vai se fortalecer esse direito”. So- bretudo, lembrou que o acesso à saúde pública precisa ser assegurado a todos. “Falta no Brasil acesso das pessoas ao cirurgião dentista, que é um direito constitucional”. Na mesa 2, à tarde, “Desafios da construção da rede de atenção ao cân- cer bucal: o papel do comitê estadual”, discutiu-se a proposta de criar um co- mitê estadual sobre o tema. “O câncer bucal é grave. Cerca de 5 mil pessoas por ano morrem de câncer de boca no Brasil. Entre os homens este é o quarto Sobre o Editor today aparecerá no 38º CIOSP- Congresso Internacional de São Paulo. O jornal e todos os artigos e ilustrações nele contidos estão protegidos por direitos autorais. A Dental Tribune Inter- national GmbH toma todas as medidas possíveis para reportar informações clínicas e notícias sobre produtos de fabricantes de forma minuciosa, porém não pode assumir responsabilidade sobre a eficácia anunciada do produto, ou por erros tipográfi- cos. A editora também não assumem responsabilidade sobre nomes de produtos, afirmações ou declarações feitas pelos anunciante. Opiniões de autores são próprias dos mesmos e não refletem as opiniões da Dental Tribune International GmbH. 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Ao longo desses anos as reflexões produzidas no PSC repercutiram nos rumos das políticas de saúde em São Paulo e no Brasil, junto às secretarias de saúde, de estados e municípios, e mesmo junto ao Ministério da Saúde, e sobretudo, junto aos profissionais do setor. “São aqueles que, de fato, fazem as coisas acontecerem nos seus locais de trabalho”, avalia Paulo. O projeto Saúde Coletiva da APCD foi fundamental para embasar a criação do projeto Brasil Sorridente. Como desdobramento das ações da associação, Gilberto Pucca, integrante da APCD, foi convidado para atuar na Comissão de Saúde Bucal, lembra Paulo Man- fredini, também coordenador do evento. O principal desafio para quem trabalha na Odontologia pública é atuar junto aos conselhos de saúde, nos municípios, estados e no âmbito nacional. “ É preciso ouvi-los e, juntos, buscar caminhos para barrar os retrocessos e fazer avançar o direito à saúde e, com ele, o direito à saúde bucal. Direito de todos, sem exclusões, sem privilégios”, explica Paulo Capel. A defesa de boas condições de trabalho e de remuneração justa, adequada, segue sendo uma importante e estratégica bandeira das entidades odontológicas em todo o Brasil, assegura. “É preciso que as entidades odontológicas e nossos dirigentes sigam segurando firme essa bandeira, pois milhares de profissionais e suas famílias dependem dessas entidades e seus dirigentes”. tumor mais frequente no Sudeste. Uma característica desfavorável é o diagnós- tico em estado avançado. Estamos discu- tindo como isso poderia ser enfrentado. Alguns especialistas defendem que é preciso usar recursos odontológicos existentes para criar uma rede, para en- frentar de forma mais eficaz o problema. A ideia da mesa é compartilhar cami- nhos que ajudem a aumentar grau de diagnóstico precoce e ter tratamento e evitar mortalidade precoce”, explicou Paulo Frazão. Para o debate, a coordenação do evento convidou lideranças que atuam com o tema câncer bucal tanto na pes- quisa quanto na gestão de saúde, discu- tindo caminhos para enfrentar o pro- blema em nível nacional: representantes da Coordenadoria do Ambiente de Moni- toramento das Ações de Prevenção e Diagnóstico Precoce do Câncer Bucal do Estado de São Paulo - Hospital Santa Mar- celina, da Universidade de São Paulo, do Hospital do Câncer de Barretos, da coor- denação da Unasus-Unifesp - Hospital Santa Marcelina, do Departamento de Es- tomatologia da USP e da Câmara Técnica © Márcia Costa © Márcia Costa Maria Dalva Amim dos Santos Paulo Frazão de Estomatologia do CROSP, do Conselho Municipal de Saúde de SP. O Projeto Saúde Coletiva tem na co- ordenação geral Paulo Capel Narvai (FSP/USP), Paulo Frazão (FSP/USP), Celso Zilbovícius (USP), Marco Antonio Manfredini (CROSP), Luiz Felipe Scabar (FO-Unip e CT de Saúde Coletiva do CROSP) Biancalana (APCD). e Helenice