notícias “Maior congresso anual de Odontologia do mundo” A expectativa é oferecer ao público do CIOSP o que há de melhor, afirma o presidente da APCD, Wilson Chediek Por sua grande importância mundial, o slogan do CIOSP este ano é justa- mente “Maior congresso anual de Odon- tologia do mundo”. O presidente da APCD, Wilson Chediek, ressalta que o evento oferece aos profissionais acesso a informações e serviços essenciais para sua carreira. “A riqueza do CIOSP integra a parte científica e a parte co- mercial, onde as empresas fazem lança- mentos e apresentam as grandes novi- dades do setor e trazem grandes inovações”. O CIOSP tem crescido cada vez mais, tanto que neste ano haverá mais um pavilhão de exposição comercial, to- talizando uma área de 67 mil m². A ex- pansão também se dá por conta do au- mento da procura das empresas expositoras. “Além de procurar dar maior conforto ao congressista, também houve uma maior procura natural das empresas, até pelo êxito do CIOSP em aumentar a metragem dos espaços, com estandes maiores, oferecendo palestras gratuitas e hands-on aos profissionais. Isso trará para o nosso congressista, além do conforto, uma gama de mate- riais e oportunidade para conhecer e manusear os novos materiais. E, óbvio, isso tudo a custo zero para o público”. Em termos científicos, há 63 anos o evento mantém o compromisso de tra- zer ao público conteúdo de qualidade, atualização profissional e inovações tec- nológicas. Nesta edição a grade cientí- fica está novamente dividida em módu- los de especialidades. São quatro dias de evento com palestras que vão das 10h às 20h. Em 2020, a programação, de maneira didática, permite que o con- gressista escolha o curso de acordo com seu enfoque profissional. “Renomados ministradores nacio- nais e internacionais estarão contri- buindo com o aperfeiçoamento dos pro- fissionais do Brasil e de todo o mundo que vêm ao CIOSP-APCD. Buscamos na grade científica trazer uma interação do clínico com a educação continuada e apresentar as inovações tecnológicas para que o Cirurgião-Dentista possa fa- zer um diagnóstico com a menor mar- gem de erro, dando mais segurança ao profissional em favor da saúde do pa- ciente”, ressalta Chediek. Este ano empresas de mais de 15 países estarão presentes para divulgar os lançamentos em produtos, equipa- mentos, técnicas inovadoras e apresen- tar as revoluções tecnológicas. “As novi- dades no setor odontológico são muito grandes. A indústria tem se moderni- zado em todas as áreas e, anualmente, se renova com uma gama muito grande de materiais e equipamentos”. Chediek acredita que o setor que vai apresentar mais novidade é a Odon- tologia Digital. “Esse ramo está cres- cendo bastante e é uma tendência, que tem mostrado força e relevância para o tratamento, principalmente nas áreas de Ortodontia, Prótese, Implantodontia, Endodontia etc. Creio que essa será a grande novidade neste ano, a maior am- pliação de sistemas digitais na Odonto- logia, a fim de alcançar melhores resul- tados”. A expectativa é que o congresso consiga trazer bons resultados para o público que o frequenta. “Nossa preo- cupação é sempre com o bem-estar dos congressistas. Recebemos profissio- nais do mundo inteiro que vêm ao CIOSP não só para assistir às palestras, como também para adquirir produtos e materiais. Então temos a missão de oferecer o que há de melhor. A expec- tativa é auditórios lotados, grandes negócios e que todo mundo saia satis- feito. Bom congresso a todos”, fina- liza. Odontologia de Mínima Intervenção Soraya Coelho Leal e Leandro Hilgert falam sobre essa filosofia de atendimento que busca alinhar o correto diagnóstico ao melhor plano de cuidados, visando dentes funcionais por toda a vida do indivíduo A filosofia de Odontologia de Mínima Intervenção (OMI) ganha cada vez mais força na Odontologia. Em tempos de po- pulação cada vez mais longeva, a OMI busca promover dentes saudáveis e fun- cionais por mais tempo. Esse é um dos temas que será abordado por Soraya Co- elho Leal, professora Associada de Odon- topediatria da Universidade de Brasília, e por Leandro Augusto Hilgert, professor Associado de Dentística da Universidade de Brasília, no CIOSP, no dia 30 (quinta- -feira). Nessa entrevista, os dois especia- listas falam dos benefícios dessa filosofia de atendimento. Como gerar dentes saudáveis e funcionais para toda a vida? A Odontologia de Mínima Interven- ção (OMI) é uma filosofia de atendimento que tem por pilares o correto diagnóstico da situação de saúde bucal do indivíduo, seguido da implementação da um plano de cuidados de acordo com a necessi- dade individual de cada paciente. Isso inclui a manutenção daqueles que estão saudáveis; o controle não invasivo e mi- cro invasivo dos que apresentam a do- ença em estágios iniciais; a intervenção restauradora realizada de forma mini- mamente invasiva em situações mais graves e a manutenção dos procedimen- tos no longo prazo. Por fim, a identifica- ção dos fatores de risco e a análise do estilo de vida do paciente, associados a um bom diagnóstico clínico, auxiliam a definir intervalos de retorno dos pacien- tes mais adequados. Na ultrapassada prática da Odonto- logia puramente restauradora a repeti- ção de procedimentos invasivos que au- mentam em complexidade a cada nova intervenção leva a tratamentos mais onerosos, muitas vezes inacessíveis para muitos pacientes e que exigem maior desgaste da estrutura dentária, resul- tando com frequência na perda do ele- mento dental. É isso que a Odontologia de Mínima Intervenção procura evitar. Em tempos de uma população cada vez mais longeva, a OMI tem por objetivo promover dentes saudáveis e funcionais por mais tempo, quiçá, por toda a vida. Quais são os conceitos atuais de Cariologia e decisão de tratamento? Falem das abordagens não-invasivas, micro invasivas e invasivas. Até há alguns anos atrás a cárie den- tária era considerada uma doença infec- tocontagiosa e transmissível. Hoje essa definição não é mais aceita. Atualmente a cárie dentária é definida como uma dis- biose, ou seja, uma alteração da micro- biota do biofilme açúcar-dependente, mo- dulada pelo estilo de vida do paciente. Assim, a tentativa de controlar a doença apenas eliminando microrganismos, ou restaurando cavidades, não faz sentido. Faz-se necessário atuar no controle da dieta e da higiene e lançar mão do uso de substâncias que contribuam para uma cinética de dissolução mineral que favo- reça a remineralização dentária. Para tanto, é preciso atuar em conjunto com o paciente, informando-o e educando-o a ter hábitos mais saudáveis. Em outras palavras, é preciso promover saúde e não apenas obliterar cavidades ou con- trolar sintomas sem atuar nos fatores etiológicos. procedimento restaurador dure por mais tempo. Como realizar mínima interven- ção nos procedimentos estéticos e restauradores? Como reabilitar sem destruir ainda mais? Nos procedimentos restauradores, a OMI se aplica quando se busca empregar abordagens que não requeiram desgaste adicional de estrutura dental ou au- mento da complexidade do tratamento. Nesse contexto podemos citar como exemplo os mais atuais conceitos de re- moção seletiva de tecido cariado, com o objetivo de não expor a polpa em dentes cariados que apresentam sinais de saúde pulpar, mesmo que isso leve o den- tista a conscientemente (e, corretamente) deixar tecido cariado na parede de fundo de cavidade profundas. Essencial para a prática da OMI é o entendimento e a aceitação dos procedi- mentos adesivos e do uso de materiais que são colados de forma eficaz e previ- sível ao elemento dental remanescente, sem que requeiram retenção dada por meio da macrogeometria de preparos dentários feitos às custas de esmalte e dentina. Na estética, procedimentos de clare- amento dentário para otimizar a cor e procedimentos restauradores aditivos com materiais adesivos, como as versá- teis resinas compostas podem ser uma excelente solução para a maior parte das demandas dos pacientes. São pouco in- vasivos e apresentam boa longevidade, além de possibilidade de reparo e manu- tenção. Leandro Augusto Hilgert na apresentação de trabalho científico no congresso da Organização Europeia de Pesquisa em Cariologia, Copenhagen. Ao se adotar a OMI é possível esta- belecer diferentes estratégias de cuida- dos de acordo com o tipo de lesão detec- tada. Neste contexto, procedimentos não-invasivos (ligados às mudanças de hábitos, como por exemplo o uso racio- nal de fluoretos) ou micro invasivos (como selantes e infiltração resinosa) se mostram efetivos na prevenção e no con- trole da progressão da cárie, respectiva- mente, evitando, assim, procedimentos mais invasivos. Quando restaurações (procedimentos invasivos) são necessá- rias, estas são realizadas de forma mini- mamente invasiva, destruindo o mínimo de estrutura dentária sadia. Mínima in- tervenção não significa não restaurar, mas sim só fazê-lo (e fazê-lo bem feito!) quando for realmente necessário e sem- pre em conjunto com uma forte atuação na etiologia da doença, de forma que o Soraya Coelho Leal, professora Associada de Odontopediatria da Universidade de Brasília É preciso disseminar não só na classe odontológica, mas especialmente entre os pacientes, que esmalte e den- tina são tecidos que deveriam ser des- gastados em pouquíssimas e extremas situações, uma vez que sua remoção, paulatinamente, leva à perda do ele- mento dental e problemas associados. Assim, cada vez mais precisamos encon- trar formas de atender aos anseios esté- ticos de uma forma conservadora e me- nos invasiva. É necessário, muitas vezes, deixar claro aos pacientes que a obten- ção de parâmetros estéticos julgados por alguns ideais poderá levar a malefícios para sua saúde bucal e função. Somos profissionais da saúde - devemos avaliar com muita cautela e apresentar uma ati- tude responsável toda vez que o plano de tratamento envolver o sacrifício de estru- tura dental. 38º CIOSP · 30 de janeiro 2020 3